quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Lápis, "assim eu quis"

Lápis, aí está um objeto que fazem anos que não compro um novo. Por anos, em minha infância e adolescência, tive muitos!
No colégio, a orientação era para 2B e os HB. Para desenhar, também tinha os coloridos. Faber Castell, os lápis que eu mais gostava. Talvez até por não conhecer outros, mas o nome deles me fascinava.
Não era bom de desenho, não. Gostava de desenhar só futebol. Desenhava jogadas que davam em gol. Do Flamengo, claro.
Lembro quando ganhei o primeiro lápis com a borracha colada na extremidade oposta à ponta. Fiquei admirado, não precisava mais me preocupar em guardar a borracha em um lugar que lembrasse. Sempre as perdia! Usei aquele lápis até ele ter uns 2 cm de comprimento. Afinal, lápis se gastava, usava-se o apontador para deixar com a ponta adequada para a escrita.

Então, já pela a adolescência, veio a lapiseira. Que bela invenção tecnológica! Não precisava mais de apontador. Bastava comprar grafites, substituir aqueles que já estavam no fim e, pronto, você não gastava a lapiseira!
E ela já vinha com borracha e, que beleza!, com uma "agulha" que desentupia a ponta da lapiseira, se o grafite se prendesse ou ficasse tão pequeno que não aparecia para escrever.
Bons tempos!
Junto à lapiseira, a escrita também desenvolvia-se com a caneta. Coisa que, quando criança, não possuía. Será que a pedagogia da escrita proíbe a caneta às crianças? Usava-se lápis e lapiseiras para que elas pudessem apagar seus erros? Afinal, a tinta da caneta não se apaga(va) -- parênteses porque desconfio que hoje temos borrachas que apagam tinta de caneta, além do Liquid Paper, outra invenção importante que pude conhecer na minha adolescência.

Então, a escrita passou para a tela do computador. Cadê o lápis? A lapiseira? A caneta? Não, agora é um teclado, e um monitor, e não um papel. Errou? Delete ou backspace. Mais simples.
Inclusive, e não vou me alongar nisso, existem pesquisas que estudam a transformação na aprendizagem humana ao passarmos do analógico (escrever com lápis, ler no papel) para o digital (escrever com teclaro, ler no monitor).

Enfim, sei que passaram-se anos e anos. Vivi um momento de transformação da comunicação em um todo: tanto da escrita, leitura, como oralidade - por assim dizer a transformação do telefone fixo para o telefone móvel. Você ter que comprar e colocar ficha de orelha para poder ligar. Quantas pessoas, hoje, nunca fizeram isso?
Você sair para a rua e, caso alguém precisasse te contar algo, te comunicar, te pedir, qualquer coisa... Não, não conseguiriam. Só se você tivesse um insight de ligar para a tal pessoa. A informação não circulava como circula hoje. A vida era outra, talvez mais mansa, mais calma - vista de hoje.

Falei isso tudo para falar, hoje, que a minha vida voltou a caminhar. Saí de um círculo vicioso. Tomei o rumo da estrada e, por aí, vou andando. Sem medo, com alegria e com paz. Quis falar do lápis e da lapiseira porque eles lembram minha infância, minha adolescência. Lembram os sonhos que eu escrevia em papel. Quando os teclados, ainda que também digitaram meus sonhos, também colocaram no monitor angústias, frustrações e desesperança.

Bem, hoje, aqui estão colocando a esperança. A certeza. É essa a vida que eu quis. "Assim eu quis", tal como aprendi com Nietzsche no longínquo ano de 2001. "Assim eu quis" que fosse o meu último ano, e "assim eu quis" que fosse esse meu novo ano. De volta ao lápis, à lapiseira e ao teclado. De volta à boa vida.

domingo, 15 de abril de 2012

Saindo do labirinto

"*** *** foi removido dos seus amigos."

Assim o Facebook, através de minha decisão de desfazer a amizade com a pessoa *** *** na rede social, me deu o recado que já foi dado pelos atos de tal pessoa há 5 anos.

5 anos que tentei retomar uma amizade. E não consegui. Desisto. Por 5 anos sinto como se eu tivesse tomado um tiro no coração de uma bala perdida: sem saber por que fui alvejado.

Na vida escolhemos nossos amigos, também somos escolhidos como amigos por outros. E a amizade é um sentimento tão forte que acreditamos que jamais vai acabar. Mesmo nas brigas, nos momentos difíceis, a gente sempre acha que "uma hora tudo vai ficar bem".

Cansei de pensar isso. 5 anos, tentando, me aproximando, dando oportunidades e nada. O pior é que essa amizade entrou por este labirinto sem uma briga. Sem algo claro --por isso mesmo, um labirinto: um caminho sem referências.

Como ensinou mestre Jorge Luiz Borges, estamos sempre em bifurcações, escolhendo caminhos e deixando outros. Esta pessoa me deixou de lado ao escolher um caminho novo para ela há 5 anos atrás. As pessoas mudam: eu mudei, essa pessoa mudou. Que cada um siga seu caminho sem o outro, aliás, que eu siga meu caminho sem essa pessoa; pois ela já o faz há 5 anos.

Ficarão as boas lembranças; mas também, provavelmente, a mágoa de ter sido excluído da vida desta pessoa, sem que se explicitasse o porquê disto.

Enfim, hoje saí deste labirinto que virou esta minha amizade. Que o sofrimento fique por aqui, se possível. Que a cicatriz no coração, como a marca da bala na janela, um dia suma --ou, ao menos, não volte a abrir e a jorrar sangue.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Depoimento de J. Pássaro

Sabiamente eu cheguei até hoje! Quem diria? Nunca Bartolomeu diria isso! Mas Saviel me perpetuou em meu tempo como seu honesto aprendiz. Obrigado Saviel! E à quem não soube chegar, posso permitir que o velho veneno da tristeza não lhe surja efeito. Nenhum. Isso só pode nos mostrar que embora honestos, somos totalmente leais, e de certa forma, incapazes de prever o que nos pode atingir. 

Esse foi o erro de Bartolomeu. Ele parou por aqui. Mas eu não! Eu, aprendiz honesto de Saviel, segui seus passos através da irradiação tremenda e perspicaz do seu carisma, e creio eu que isso me tornou algo metafórico. Assim, sou  honesto e, em grande e total forma, leal. A música que me ilumina os olhos a partir deste dia valoroso é aquela do Rocky Balboa, Eye of The Tiger, da banda Survivor. Sinta a voz, sinta o som, sinta a força, a força que nos faz aprendizes de Saviel.
 
Nada mais pode fazer com que eu caia por mim mesmo, mas que me faça crescer donde antes caía, trazendo os olhos do tigre ao encontro da garra felina que habita o além em que Saviel vive. 
Somos o seu aquém para sempre, mas nunca o caldo desse aquém. Somos flechas que não atingem alvos; somos escudos que protegem; somos ataduras que curam do mal que há em nós e em vós.

Eu vivo no meu mundo: o meu dia! O meu dia é meu mundo! 

Não me iludi com a promessa que eu tinha me feito, a promessa de que “eu viverei para sempre como alguém do bem”. Eu nunca viverei para sempre. Saviel me ordenou, mas pela minha vida, eu sou o meu bem, o seu bem, e o bem definido por quem quer que eu seja o seu bem. Isso será a minha vida. Isso será tudo. Nada de futuro para sempre, apenas futuro até onde eu for, não tenho a eternidade, apenas o tempo. Só Saviel tem a eternidade, e, é claro, a minha eternidade.
 
Para cada vento que me sacode a paz, eu peço a honraria da vitória da minha vida: a honra de poder fazer com que a felicidade caiba em mim.

J. Pássaro, em depoimento para quem quer que seja.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pequenas coisas e a analogia do nome próprio com a vida.

(versão completa do comentário sobre o post de Mattosquela: http://mattosquela.blogspot.com/2011/03/sol-de-si.html)

Aquele filme "Beleza americana" tem uma cena com uma fala que, na época, muito me marcou. O filme é de 1999, época em que eu fazia 19 anos e estava apaixonado não apenas por um garota - sem tê-la -, mas também pelo o próprio sentimento que eu tinha por ela. (Quem tem formação em psicologia poderá remeter isto ao conceito de idealização do meu eu naquela menina - e eu concordarei).

Enfim, a cena em questão é a de um saco plástico voando/levitanto, em um redemoinho constante, e aí um dos personagens, o garoto esquisito que tem uma câmera, pondera: "existe tanta beleza no mundo", para explicar porque ele gravava coisas aparentemente desinteressantes.

Ainda naquela época, eu já dava valor às pequenas coisas da vida. Tanto que, apaixonado como estava, eu observava aquela menina de tal maneira que descobri de quantos segundos era o seu piscar de olhos: 4 segundos.

Hoje, não sei se a vida se traduz em uma existência única aliada a um tempo constante. Eu gosto de acreditar que a vida é inconstante, tal como a música do Lulu Santos "Como uma onda", mas que podemos tentar controlá-la para torná-la constante - vivendo a controlá-la -, para, com o tempo e a experiência, nos darmos conta de que é uma vã tentativa esta de tentar controlar a vida, o tempo...

Por muito tempo, eu abria meus olhos, ao acordar, e pensava: "é hoje!". Nunca soube bem o que era que aconteceria em cada dia de minha vida que acordei assim. Esperava por algo grandioso? Sempre fui tentado a grandes momentos, grandes gestos... Queria ter sido um herói ou mesmo um mártir. Queria ser alguém que ficasse na memória das pessoas pelos grandes feitos em sua vida.

No entanto, com o passar dos anos, vi que o que eu tinha de especial não se traduzia em grandes feitos, em epopeias ou odisseias... Deixei de acordar pensando "é hoje!", para acordar pensando no que eu poderia fazer no dia que se iniciava para outras pessoas. Assim, tornei-me uma pessoa, digamos, doce, amigável, diferente, sensível, mesmo estranha para muitos. Foi outra frase que me construiu assim, uma frase que acredito tenha ligações religiosas, do tipo catolicismo mendicante: "quem não vive para servir, não serve para viver".

Tentei fazer de minha vida uma servidão de bons afetos e lealdade aos amigos. Creio que consegui. Realmente creio que atingi isto. Tornei-me paz. Tornei-me uma pessoa que as pessoas admiravam e gostavam da companhia, pois lhes dava calma, amizade e sorrisos sem gargalhadas na maior parte das vezes, afinal, nunca fui alguém deveras divertido.

"Existe tanta beleza no mundo"... E a maior delas é dar-se conta de como nós próprios somos bons e que, por vezes, devemos nos valorizar mais do que alguns sugerem nos valorizar. Pode ser que estejamos no verão, na primavera, no inverno ou no outono. Em qualquer estação, podemos estar ora felizes, ora tristes, ora melancólicos. Atualmente, sinto-me uma mistura de melancólico e triste. Mas tento, através de boas lembranças e boas palavras vindas de amigos, lembrar de alegrias - e de como a vida não é minha. Ela não é minha. Ela é de nós todos: minha, sua, tua, dela. Para uma pessoa ser verdadeiramente feliz, acredito piamente que a vida de uma pessoa é como o seu nome próprio: o usamos menos do que os outros o usam. Uso menos o meu nome do que meus amigos o usam. Que meus amigos usem mais minha vida do que eu a use.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que pensamos ser eterno, mas nem sempre é.

Em 2001, no aniversário daquela que seria eterna, escrevi este texto.

XX de YY de 2001

AA, já gastei toda a minha coletânea de frases elogiosas e também bonitas em tudo que já escrevi para você. Portando, sinceramente não sei mais o que te escrever. Tudo que já te mostrei teve o intuito de te encantar, emocionar, alegrar e que você pudesse ver que eu posso ser seu amigo. Acredito, ou melhor, desculpa a pretensão, mas sei que te encantei como amigo, e continuo te encantando. Amo saber que você me acha um bocó. Isso só foi possível porque quem começou com essa história de encantar o outro foi você. Você é a base da nossa vida. Não tenho medo de dizer que a consideração que eu tenho por você é proporcional com a que você tem por mim. Isso me deixa tão feliz e, admito, orgulhoso, que é tão fácil de explicar o por quê de nós dois sermos amigos tão especiais. É difícil saber que uma outra pessoa tem a mesma consideração por mim do que ela por mim, mas com você fica claro. Com outras pessoas não, pode ser que algumas me consideram mais do que eu a elas ou vice-versa.

Da mesma forma esplêndida que você me disse que sou o melhor presente que você poderia receber, você é a minha maior e melhor conquista. AA, que felicidade! Né?

O exato momento em que nos tornamos amigos eu não sei precisar, mas creio que a minha parte de confiar toda a minha confiança para alguém, você!, foi num dia em que você estava triste no colégio, em 99. Você veio até mim, após ficar com o BB chorando, e me sensibilizaram suas lágrimas. Eu já sabia que o BB não conseguira ter te feito parar de chorar, e eu pensava ali que nunca eu iria poder fazer isso. Acho que é por isso que considero este momento tão eficaz ao mostrar que nós podemos nos ajudar. Ao invés de saber porquê você chorava, resolvi lhe contar o que tinha feito dias antes, o grande ato da minha vida. Se bem que acho também que o grande ato da minha vida foi lhe dar aquela rosa amarela de plástico no amigo oculto de 99. É porque você não estava na minha condição, de ver tudo ao redor. Via você escutando cada palavra, cada gesto que eu fazia, e eu te vendo, admirando o momento que eu fazia ao conseguir, somente eu, fazendo brilhar seus olhinhos, estavam tão cintilantes, tão esperançosos. Nunca esquecerei isso. Todos se sentindo um pouco invejosos por apenas você ter como desfrutar daquele momento. E como me senti você ali. Isso mesmo! Me senti um pouco você ali, um pouco amigo, um pouco sensível, um pouco esperançoso, um pouco alegre, um tanto Débora! Nossa, saí totalmente da história que estava contando, mas adorei ter fugido um pouco, acho que essa descrição do amigo oculto de 99 foi a melhor coisa que já te escrevi. Poderia parar por aqui, mas não.

Então, voltando ao assunto, resolvi lhe contar o grande ato da minha vida até então. Enviar um buquê de rosas para a CC, 6 amarelas que significavam amizade e 6 vermelhas que significavam amor. Sabia que quando você escutasse aquilo, você poderia parar de chorar e voltar a sorrir. Já que você adorava ouvir o que eu fazia. Isso foi entre 22 e 26 de setembro. Foi entre estes dias que te confirmei neste meu coração de framboesa, e acho que você me deixou entrar definitivamente no seu.
Lembro que antes, no seu aniversário em 99, você pedia a mim para ir na sua festa, eu não achava muito boa a idéia por não gostar de festa e de não conhecer o pessoal. O DD até falou que você ordenou que ele me levasse, caso contrário ele não entraria na festa. Aqui não sei se você já tinha me aceitado como amigo, mas seguramente eu ainda não te tratava como tal, você virou minha amiga mesmo quando lhe contei que tinha dado um buquê de rosas para a CC. Se arrependimento matasse, estaria morto, porque já faz tempo que eu gostaria de ter ido na sua festa, poderíamos ter nos tornados amigos antes. Mas tudo deu tão certo entre nós, que só um momento como esse não poderia nos atrapalhar.

Lembro também do nosso primeiro abraço. Foi tão esquisito e mal feito... Eu vinha andando pelo corredor para entrar na sala, você vinha vindo na direção contrária e já com os braços abertos. Eu olhei para trás e pensei que não era comigo. Aí você chegou e me abraçou, eu, todo sem jeito, tentei desviar, pensando ainda que não era para mim. Acabamos nos abraçando de ladinho... Precário! Depois a gente melhorou, né?

1999 foi um ano em que iniciamos nossa amizade leal e emotiva, foi tudo bom e tão especial, que para mim foi o meu melhor ano. O ano 2000 começou com tudo, e para mim, a nossa amizade era a base da minha vida. Por tudo, né? Meus amigos tinham saído do colégio, além da CC. Só me restou você. E isso será sempre tudo, mesmo que eu perca todos, você continuará sendo tudo. Estivemos tão bem e tão mal que aprendemos que apesar de tudo, nós somos ótimos e especiais, e que fomos feitos para estarmos juntos. Lembro que tinha prometido para a EE que eu nunca iria desistir de recuperar a sua amizade. Essa promessa foi paga, por nós dois! Pedi até aquele bichinho verde, a esperança, que tinha pousado na minha frente enquanto escrevia um texto sobre eu e você, que a nossa amizade nunca terminasse. Lembro de ter chorado. Não sei para onde foi o inseto esperança depois disso, mas sei que a esperança de nós como amigos eternos entrou em nossos corações. É claro que estou agora aqui com os olhos marejados... é por isso que digo que nossa amizade é leal e emotiva, falamos o que sentimos e nos emocionamos.

Sinto até que não é necessário escrever o que eu desejo para você neste aniversário, já que você o sabe e que todo santo dia eu já desejo. Quando saio de casa penso: "Jesus, Maria, José e AA, salvai as almas". Minha avó, aquela fofoqueira, me ensinou este salmo cristão sem o "AA", mas agora é assim que falo, já que você é meu Deus também, além do Nosso Deus, já que você também é onipresente para mim.

AA, te desejo muita saúde, mas muita mesmo, muitas alegrias, mesmo sem estar comigo, muita paz, e faça questão de eu estar com você, muito amor, muito mesmo com o BB, muita amizade, com todos e comigo, muita compreensão, algo que te facilita a vida, e muito sucesso, porque você merece mesmo e não é pouca coisa não, é muito mesmo.

Feliz aniversário, parabéns pelos ? anos de vida, vida que torna as dos outros mais encantadas.

AA, um abraço sem querer machucar suas asas, FF


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Por um tempo, todo dia lembrava daquela amizade e me entristecia fortemente; atualmente, são poucos os dias em que lembro daquela amizade e me entristeço ainda mais: brutalmente.

Amizades... Nem sempre são eternas. Por quê?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saviel delirando

21/11/2005

Faço hoje minhas palavras para que sejam leves o suficiente para serem atiradas para o alto. Ventando, elas iriam voar e voar. Podendo me dar o trabalho de as procurar, para juntá-las novamente.

Que seja! Sinto-me leve, capaz de escrever palavras e mais palavras que se jogam ao vento. Não para irem embora, por não serem importantes. Nada disso, muchacho! Sinto-me leve, já falei o prosseguimento desta idéia. Começo, sim, a entrar em um estado de paz, que é o meu normal.

Faço-me pazzz, e então revelo-me amante da vida e amoroso do que sou. Disponho-me, novamente, a ser feliz. Pois já sou uma pessoa feliz, ter uma vida feliz sempre pareceu-me fácil. Ainda agora, depois desse furacão que se formou e derrubou telhados, estruturas e pessoas, ainda acho que é fácil, sim. Compreensão, confiança, cumplicidade e carinho. Simples, assim tão simples.

Aos confins daquele que já sou, que posso ter mudado? Muitos, a maioria, diz que devo mudar. Não. Não fui eu quem teve um problema. Portanto, só mudo a letra, mas as palavras são as mesmas. Continuo voando, tal como a borboleta amarela. Já me fiz; já sou. Já venci. Sou aquele que é encantado, levando sutileza por aí, desbravando com os olhos e aquilo que nasce no coração. Toda minha presunção pode ser verificada, mas do que adiantaria perderem-me, por causa de caprichos teus? Confia-me teus desejos e vontades. Abra-te para a maravilha que sou e que posso servir-te como referência de bom criado sentimento e vida. Não às infrutíferas sinas de uma escuridão própria. À isto não há espaço em mim, e posso mostrar-te como não ter também. É da vitória que falamos: ao não-medo de ser aquilo que queremos ser. Não que sejam cópias de alguém. Mas que sejam o teu melhor “eu”. Sejam! Que seja!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Borboleta Amarela

A Borboleta Amarela


Essa luz da lua que graceja aos amantes o sonho do eterno

Aquele formoso pôr-do-sol que ilude os poetas da noite

E o quê falar do gracioso vôo da borboleta amarela?

Ah! A borboleta amarela...


Quanta saudade do vôo leve e em belo zigue-zague!

Sutileza oferecida às pessoas desde mundo!

O quão obstinada no seu vôo é a borboleta amarela?

Ah! A borboleta amarela...


Aquela luz da lua parece não encontrá-la em lugar nenhum

Parece que ela prefere os vaga-lumes no luau dos amantes

Generosa o bastante a borboleta amarela ao deixar, não?

Ah! A borboleta amarela...


Aos poetas da noite: vocês não vêem a borboleta amarela!

É isso o que lhes traz angústia nesta vida

Por que preferem os vaga-lumes?

Ah! A borboleta amarela...


Se é no choro encarnado que lhes tira a alegria

A própria força não tem expressão essencial

É com enorme desgosto que doravante a borboleta amarela

Não os procure mais, pretere-os por terem a sina da escuridão

Fácil caminho a tomar, sem o mapa que indica o início de tudo!


Ah! A borboleta amarela...

Como pôde ela sobreviver por todos estes anos?

Sentinela da luz, amante da pureza por convicção

A borboleta amarela fez da sua vida uma paz


Quem mais poderia doar seu vôo?

Poetas da noite, não me falem em morcegos! Seus vampiros!

Objetos do horror que não se contém em vocês,

Que trazem o cinismo da conquista frívola,

A maléfica hipocrisia aos costumes assombrosos

E o derradeiro beijo da morte aos puros,

Varram-se desde chão belíssimo!

Conquistem a vergonha, não sejam oradores da má falsidade

Cumprimentem teus fantasmas, estas suas tenebrosas sombras!


Existe tanta beleza no mundo... Ah! A borboleta amarela...

Vejo-te, farei por merecê-la, minha paz.

Ser-te-ei o mais gentil dos puros, o único em mim mesmo!

Juro ser sua recompensa para sempre, minha paz.

Só há o generoso amor em meu ser, menos para os poetas da noite

Desprezo, os ignorarei, darei à eles a vergonha de si próprios.

Sou tua paz, borboleta amarela.

Ah! A borboleta amarela...



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Tenho tanta vontade de editar, modificar... de melhorá-lo, mas, ao mesmo tempo, fico com vontade de mantê-lo como foi escrito na época!