sábado, 6 de março de 2010

JPassaro desabafando

Poesia e prosa

Existe um certo cansaço de viver, viver, imaginar o novo viver e nada mudar
É pedir muito?
É pedir muito poder pedir?
O que sei é que estou de saco cheio
Vida que não muda
Vida que tá parada
Vida que é boa
Mas vida que não se torna melhor do que boa
Chega?
Não chega, não.
Chega mais que eu poderia te contar como poderia ser tudo
Mas parece que tenho que ficar na minha
Venha para mim
Do mesmo jeito que eu me imagino correndo para você
Porque não vou correr enquanto as coisas não mudarem

Não vai haver rimas e nada do que a poesia pode ter de melhor
Isso aqui não é para ser arte
Isso aqui é para ser qualquer coisa menos arte
Até porque eu não sei fazer esta Arte
Que seja um desabafo

Não sei fazer esta Arte...
Uma arte sei fazer
Duas, na verdade.
Até porque uma está dentro da outra
Vejam, por favor, que sei fazer duas artes
Não só esta que todos gostam em mim

Sim, quero mesmo ficar vendo hoje um rio
Ele nunca pára
Ele nunca muda
Ele está sempre igual
Hipoteticamente, é claro.

Ficar vendo algo assim me traria calma
Quero acreditar que não sou um rio
Quero parar com algo
Quero mudar
Quero não pensar mais hipoteticamente

Já passou pela a minha cabeça a idéia de fazer deste texto aqui uma prosa e não uma poesia. Mas a poesia tem a vantagem da leitura mais rápida, mais concisa.
A prosa, não. A prosa vai nos prendendo frase, após frase. Chego a imaginar que sou uma poesia ambulante. Fico a perambular por aí, não porque quero, mas porque é esta a arte que a maioria das pessoas deve ver em mim apenas.
Chega de fazer desta poesia uma prosa
Porque sou uma poesia?
Não sou uma prosa?
Me corrijam se eu estiver enganado
Façam este favor
Provem-me que sou uma prosa
Eu sou uma prosa.
Não sou uma poesia.

Agora, estou escutando uma música de hip-hop
Warren G feat. KRS One & Lil Ai - Let´s Go (It´s A Movement)
Alguém já fez um verso com um nome de música?
Pois está feito!
Na verdade, lá na primeira estrofe eu fiz algo parecido
O verso “Venha para mim” é baseado na música Run to Me do Beegees.
Por essas e outras que não sou poesia
Não sou um conjunto de versos
Sou um conjunto de palavras que quer ceder
Que tem sede por tuas palavras
Um conjunto de palavras à procura do teu conjunto de palavras

Quero, sim, parar de escrever essa poesia
Mas sinto que tenho algo a falar ainda
E não vou parar de escrever enquanto não achar que falei
Já sei!
Tuas letras maiúsculas são minha declaração
Não, não enlouqueci
Mas qual seria o problema de enlouquecer?
E se eu enlouquecer e tiver noção disto?
Sendo louco e sabendo disto, posso viver como um personagem
Um personagem lúcido
Por que não?

Mas... se sou uma prosa, como você não pode ser uma prosa?
Deixa eu te mostrar qual é o teu significado, prosa
Já te mostrei diversas vezes o meu significado
Vou te mostrar o teu significado, prosa, mas você terá que ser perspicaz
Bem, agora que estou transformando minha poesia novamente em prosa, uma prosa que vai te mostrar qual é o teu significado, tenho que te dizer uma coisa, mesmo que depois de tantas vírgulas venha um ponto, mas não um ponto final, no nosso caso, é onde deve começar o ponto inicial. E, sim, estou certo do que sinto. Mesmo. Todas as vezes que conversamos fico feliz. E também quando penso em você. Vendo, então... puxa! Ih, agora?
Está aí o significado da tua prosa
Posso terminar de escrever esta poesia
Já falei o que eu tinha a falar
Eu sempre vou entender o que eu escrevi.
Talvez você entenda também, é só lembrar de como lembro de ti.
Mas acho que você nunca vai compreender o que eu quis te significar.
Te mostrar que é para mim a quem você deve dar bola
Te mostrar que o que te escrevo é sério, que não é da boca para fora.
Por isso, te mostro o caminho para que você compreenda o quanto antes.
Para que me mostre que eu estou errado.


JPassaro, desabafo do 2º semestre de 2005.

5 comentários:

  1. Querido amigo prosa-poesia!

    Você não é apenas prosa. É também a melhor tradução da poesia, com seu jeito doce, amigo, compreensivo, meigo, cativante...

    Você não sabe fazer apenas duas artes. Você é a arte em pessoa! A arte da amizade, da competência, da inteligência, da compaixão, da solidariedade...

    Seu texto me deixou com o coração batendo acelerado. Seria uma angústia? Talvez sim. Se foi, é porque você conseguiu passar bem suas emoções. Mas meu coração pode também ter acelerado porque é muito gratificante descobrir este outro lado seu: o de grande escritor.

    Divulgue mais o seu trabalho! Quero te ler sempre!!!!!

    Beijos com carinho!

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  2. Ah, só mais um comentário!!!! Somente você pra tirar do fundo do baú a música RUN TO ME. É a favorita da minha mãe, rsrs, mas quase ninguém a conhece. Pra quem não gosta de música, isso é mais uma prova da sua sensibilidade.

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  3. Eu já disse que vc é um super inteligentissimo notável QI? eu já te disse que vc é um doce, um cara fora de sua época. mas não da época atrás, dessa q vem, q ninguem sabe. Um gentleman, um lord, um poeteiro profundo. dentro de vc existe um calabouço muitoooooooo claro, com muito conhecimento e sabedoria.

    ADORO!

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  4. Thi, todos nós somos rios... estamos sempre correndo para algum rumo, mesmo sem saber qual é! O que muda é que existem rios de águas claras como vc, que transparecem seu lado mais íntimo sem temer qualquer julgamento, que se doa ao que está ao lado, sem pedir nada em troca.

    Graças, tive a sorte de conhecer logo aqui no Rio um amigo assim! Tenho sorte! Tenho esfiha, conversa boa, conselho certo, ombro de sobra, além de toda a preocupação e atenção um com o outro que é cíclica sempre! SALVE!

    Escreva mais e mais, eu quero!!

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  5. Caramba, mas os comentários deste post são tão gostosos de se ler...

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