terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O que pensamos ser eterno, mas nem sempre é.

Em 2001, no aniversário daquela que seria eterna, escrevi este texto.

XX de YY de 2001

AA, já gastei toda a minha coletânea de frases elogiosas e também bonitas em tudo que já escrevi para você. Portando, sinceramente não sei mais o que te escrever. Tudo que já te mostrei teve o intuito de te encantar, emocionar, alegrar e que você pudesse ver que eu posso ser seu amigo. Acredito, ou melhor, desculpa a pretensão, mas sei que te encantei como amigo, e continuo te encantando. Amo saber que você me acha um bocó. Isso só foi possível porque quem começou com essa história de encantar o outro foi você. Você é a base da nossa vida. Não tenho medo de dizer que a consideração que eu tenho por você é proporcional com a que você tem por mim. Isso me deixa tão feliz e, admito, orgulhoso, que é tão fácil de explicar o por quê de nós dois sermos amigos tão especiais. É difícil saber que uma outra pessoa tem a mesma consideração por mim do que ela por mim, mas com você fica claro. Com outras pessoas não, pode ser que algumas me consideram mais do que eu a elas ou vice-versa.

Da mesma forma esplêndida que você me disse que sou o melhor presente que você poderia receber, você é a minha maior e melhor conquista. AA, que felicidade! Né?

O exato momento em que nos tornamos amigos eu não sei precisar, mas creio que a minha parte de confiar toda a minha confiança para alguém, você!, foi num dia em que você estava triste no colégio, em 99. Você veio até mim, após ficar com o BB chorando, e me sensibilizaram suas lágrimas. Eu já sabia que o BB não conseguira ter te feito parar de chorar, e eu pensava ali que nunca eu iria poder fazer isso. Acho que é por isso que considero este momento tão eficaz ao mostrar que nós podemos nos ajudar. Ao invés de saber porquê você chorava, resolvi lhe contar o que tinha feito dias antes, o grande ato da minha vida. Se bem que acho também que o grande ato da minha vida foi lhe dar aquela rosa amarela de plástico no amigo oculto de 99. É porque você não estava na minha condição, de ver tudo ao redor. Via você escutando cada palavra, cada gesto que eu fazia, e eu te vendo, admirando o momento que eu fazia ao conseguir, somente eu, fazendo brilhar seus olhinhos, estavam tão cintilantes, tão esperançosos. Nunca esquecerei isso. Todos se sentindo um pouco invejosos por apenas você ter como desfrutar daquele momento. E como me senti você ali. Isso mesmo! Me senti um pouco você ali, um pouco amigo, um pouco sensível, um pouco esperançoso, um pouco alegre, um tanto Débora! Nossa, saí totalmente da história que estava contando, mas adorei ter fugido um pouco, acho que essa descrição do amigo oculto de 99 foi a melhor coisa que já te escrevi. Poderia parar por aqui, mas não.

Então, voltando ao assunto, resolvi lhe contar o grande ato da minha vida até então. Enviar um buquê de rosas para a CC, 6 amarelas que significavam amizade e 6 vermelhas que significavam amor. Sabia que quando você escutasse aquilo, você poderia parar de chorar e voltar a sorrir. Já que você adorava ouvir o que eu fazia. Isso foi entre 22 e 26 de setembro. Foi entre estes dias que te confirmei neste meu coração de framboesa, e acho que você me deixou entrar definitivamente no seu.
Lembro que antes, no seu aniversário em 99, você pedia a mim para ir na sua festa, eu não achava muito boa a idéia por não gostar de festa e de não conhecer o pessoal. O DD até falou que você ordenou que ele me levasse, caso contrário ele não entraria na festa. Aqui não sei se você já tinha me aceitado como amigo, mas seguramente eu ainda não te tratava como tal, você virou minha amiga mesmo quando lhe contei que tinha dado um buquê de rosas para a CC. Se arrependimento matasse, estaria morto, porque já faz tempo que eu gostaria de ter ido na sua festa, poderíamos ter nos tornados amigos antes. Mas tudo deu tão certo entre nós, que só um momento como esse não poderia nos atrapalhar.

Lembro também do nosso primeiro abraço. Foi tão esquisito e mal feito... Eu vinha andando pelo corredor para entrar na sala, você vinha vindo na direção contrária e já com os braços abertos. Eu olhei para trás e pensei que não era comigo. Aí você chegou e me abraçou, eu, todo sem jeito, tentei desviar, pensando ainda que não era para mim. Acabamos nos abraçando de ladinho... Precário! Depois a gente melhorou, né?

1999 foi um ano em que iniciamos nossa amizade leal e emotiva, foi tudo bom e tão especial, que para mim foi o meu melhor ano. O ano 2000 começou com tudo, e para mim, a nossa amizade era a base da minha vida. Por tudo, né? Meus amigos tinham saído do colégio, além da CC. Só me restou você. E isso será sempre tudo, mesmo que eu perca todos, você continuará sendo tudo. Estivemos tão bem e tão mal que aprendemos que apesar de tudo, nós somos ótimos e especiais, e que fomos feitos para estarmos juntos. Lembro que tinha prometido para a EE que eu nunca iria desistir de recuperar a sua amizade. Essa promessa foi paga, por nós dois! Pedi até aquele bichinho verde, a esperança, que tinha pousado na minha frente enquanto escrevia um texto sobre eu e você, que a nossa amizade nunca terminasse. Lembro de ter chorado. Não sei para onde foi o inseto esperança depois disso, mas sei que a esperança de nós como amigos eternos entrou em nossos corações. É claro que estou agora aqui com os olhos marejados... é por isso que digo que nossa amizade é leal e emotiva, falamos o que sentimos e nos emocionamos.

Sinto até que não é necessário escrever o que eu desejo para você neste aniversário, já que você o sabe e que todo santo dia eu já desejo. Quando saio de casa penso: "Jesus, Maria, José e AA, salvai as almas". Minha avó, aquela fofoqueira, me ensinou este salmo cristão sem o "AA", mas agora é assim que falo, já que você é meu Deus também, além do Nosso Deus, já que você também é onipresente para mim.

AA, te desejo muita saúde, mas muita mesmo, muitas alegrias, mesmo sem estar comigo, muita paz, e faça questão de eu estar com você, muito amor, muito mesmo com o BB, muita amizade, com todos e comigo, muita compreensão, algo que te facilita a vida, e muito sucesso, porque você merece mesmo e não é pouca coisa não, é muito mesmo.

Feliz aniversário, parabéns pelos ? anos de vida, vida que torna as dos outros mais encantadas.

AA, um abraço sem querer machucar suas asas, FF


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Por um tempo, todo dia lembrava daquela amizade e me entristecia fortemente; atualmente, são poucos os dias em que lembro daquela amizade e me entristeço ainda mais: brutalmente.

Amizades... Nem sempre são eternas. Por quê?

terça-feira, 22 de junho de 2010

Saviel delirando

21/11/2005

Faço hoje minhas palavras para que sejam leves o suficiente para serem atiradas para o alto. Ventando, elas iriam voar e voar. Podendo me dar o trabalho de as procurar, para juntá-las novamente.

Que seja! Sinto-me leve, capaz de escrever palavras e mais palavras que se jogam ao vento. Não para irem embora, por não serem importantes. Nada disso, muchacho! Sinto-me leve, já falei o prosseguimento desta idéia. Começo, sim, a entrar em um estado de paz, que é o meu normal.

Faço-me pazzz, e então revelo-me amante da vida e amoroso do que sou. Disponho-me, novamente, a ser feliz. Pois já sou uma pessoa feliz, ter uma vida feliz sempre pareceu-me fácil. Ainda agora, depois desse furacão que se formou e derrubou telhados, estruturas e pessoas, ainda acho que é fácil, sim. Compreensão, confiança, cumplicidade e carinho. Simples, assim tão simples.

Aos confins daquele que já sou, que posso ter mudado? Muitos, a maioria, diz que devo mudar. Não. Não fui eu quem teve um problema. Portanto, só mudo a letra, mas as palavras são as mesmas. Continuo voando, tal como a borboleta amarela. Já me fiz; já sou. Já venci. Sou aquele que é encantado, levando sutileza por aí, desbravando com os olhos e aquilo que nasce no coração. Toda minha presunção pode ser verificada, mas do que adiantaria perderem-me, por causa de caprichos teus? Confia-me teus desejos e vontades. Abra-te para a maravilha que sou e que posso servir-te como referência de bom criado sentimento e vida. Não às infrutíferas sinas de uma escuridão própria. À isto não há espaço em mim, e posso mostrar-te como não ter também. É da vitória que falamos: ao não-medo de ser aquilo que queremos ser. Não que sejam cópias de alguém. Mas que sejam o teu melhor “eu”. Sejam! Que seja!

segunda-feira, 31 de maio de 2010

A Borboleta Amarela

A Borboleta Amarela


Essa luz da lua que graceja aos amantes o sonho do eterno

Aquele formoso pôr-do-sol que ilude os poetas da noite

E o quê falar do gracioso vôo da borboleta amarela?

Ah! A borboleta amarela...


Quanta saudade do vôo leve e em belo zigue-zague!

Sutileza oferecida às pessoas desde mundo!

O quão obstinada no seu vôo é a borboleta amarela?

Ah! A borboleta amarela...


Aquela luz da lua parece não encontrá-la em lugar nenhum

Parece que ela prefere os vaga-lumes no luau dos amantes

Generosa o bastante a borboleta amarela ao deixar, não?

Ah! A borboleta amarela...


Aos poetas da noite: vocês não vêem a borboleta amarela!

É isso o que lhes traz angústia nesta vida

Por que preferem os vaga-lumes?

Ah! A borboleta amarela...


Se é no choro encarnado que lhes tira a alegria

A própria força não tem expressão essencial

É com enorme desgosto que doravante a borboleta amarela

Não os procure mais, pretere-os por terem a sina da escuridão

Fácil caminho a tomar, sem o mapa que indica o início de tudo!


Ah! A borboleta amarela...

Como pôde ela sobreviver por todos estes anos?

Sentinela da luz, amante da pureza por convicção

A borboleta amarela fez da sua vida uma paz


Quem mais poderia doar seu vôo?

Poetas da noite, não me falem em morcegos! Seus vampiros!

Objetos do horror que não se contém em vocês,

Que trazem o cinismo da conquista frívola,

A maléfica hipocrisia aos costumes assombrosos

E o derradeiro beijo da morte aos puros,

Varram-se desde chão belíssimo!

Conquistem a vergonha, não sejam oradores da má falsidade

Cumprimentem teus fantasmas, estas suas tenebrosas sombras!


Existe tanta beleza no mundo... Ah! A borboleta amarela...

Vejo-te, farei por merecê-la, minha paz.

Ser-te-ei o mais gentil dos puros, o único em mim mesmo!

Juro ser sua recompensa para sempre, minha paz.

Só há o generoso amor em meu ser, menos para os poetas da noite

Desprezo, os ignorarei, darei à eles a vergonha de si próprios.

Sou tua paz, borboleta amarela.

Ah! A borboleta amarela...



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Tenho tanta vontade de editar, modificar... de melhorá-lo, mas, ao mesmo tempo, fico com vontade de mantê-lo como foi escrito na época!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Sem pontuação, sem controle

Preciso de um texto alegre. Que este o seja! Sem parágrafos e normas corretas de ponto vírgula e nada disso Só de letras maiúsculas É para isto que vou escrever Se não tiver um único entendimento por causa da falta de pontuação que produz ambigüidade que o seja Confuso eu e o texto É o que não deve acontecer É muito difícil saber pontuar saber virgular Para que temos que controlar as coisas Ser controlado é uma droga Mas você mesmo controlar é pior ainda Este texto está descontrolado Para o bem e/ou para o mal Quase coloquei um ponto agora Quase vacilei no meu intento Pior que isso é ter dois intentos paradoxais e ter que prosseguir em ambos porque para não me descontrolar tenho que me controlar Sem querer ponto final em nenhum dos intentos até que seja-me melhor nos dois intentos Tá sou louco precário otimista porém correto não sou um covarde que faz o que se acha errado A alegria não parece vir neste texto e em nenhum outro É o que dá não ter aprendido a controlar as palavras Mente X palavra De forma alguma Sou um rei do auto-controle mas as palavras são o que há de mais forte nesta vida É com elas que deixamos claras as coisas também com elas procuramos não fraquejar mas sim se fortalecer O que seria de mim se não conhecesse a palavra que mais me vem a mente Provavelmente este texto mostraria toda uma tristeza quase que uma fatalidade Mas não Embora não mostre mesmo alegria mostra controle Uma busca pela a espera

3/8/2004

domingo, 2 de maio de 2010

hahahaha

hoje encontrei um texto antigo! De quando eu havia defendido a minha monografia na ECO: no dia 13/7/2005.
É muito curioso... Deem uma olhada!

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ECO, não mais.

Bem, a não ser que eu tente (e passe para) o mestrado de lá.

Hoje foi o dia quase fatídico: apresentar a minha monografia. O último lance de uma faculdade que foram poucos os dias que curti. Por quatro anos essa foi uma morada infeliz, que me deixou inquieto e impaciente, mas ainda assim, mantive meus pés no chão e meu punho cerrado: fui determinado quando eu quis. Em 8 períodos certinhos, consegui finalizar o curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo.

Hoje, apresentei a minha monografia: A Representação da Morte no Discurso Jornalístico - Sobre o poder ideológico das classes dominantes.

Fui aprovado, ganhando o grau 9,0. Fiquei satisfeito pela a nota, pois sei que existiam falhas no meu trabalho, já que é um ensaio que busca teorizar sobre algo. Uma dissertação, como falou a banca examinadora, que está entre um projeto experimental e uma tese de mestrado, o que fez com que todos me elogiassem.

Por fim, agradeço por todos aqueles que me ajudaram e me apoiaram em diversos momentos de minha vida na e sobre a ECO. De agora em diante: ECO, não mais.

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É... pois é, né? Não mais kkkkkkk hahaha como a vida dá voltas, meu Deus!!

terça-feira, 27 de abril de 2010

Caval(h)eiro

Caval(h)eiro

Há muito tempo atrás existiam histórias mais bonitas de amor
Dos tempos em que os homens lutavam com espadas e escudos
Brandiam-se as espadas ora pela guerra, ora pela honra
E o poder de um cavaleiro fulminava corações das mulheres

O cavaleiro lutava contra o mundo para mostrar-se um herói
Por sua honra ele não poupava esforços e sangue
Por sua amada, valia-se de coragem e intrepidez
E o amor nascia de uma epopeia

Findaram-se as lutas por um amor com espadas e guerras
A sociedade agora é civil, do cavaleiro ao cavalheiro
Mesmo a eloqüência de um amor torna-se banal
Visto que muitos casais dizem amar solenemente para a vida toda

Aff

Um romantismo epopeico de lutas com espadas perdeu espaço
Os mitos ficaram, mas suas histórias apenas são estórias para crianças
Não parecem trazer força de ousar, de lutar, de brandir!
Há muito tempo atrás existiam histórias mais bonitas de amor

Não tenho espadas, nem escudos, literalmente
Mas minhas armas são meu carinho, meu beijo, meus gestos
Meu escudo é a felicidade, a esperança, meus abraços
Uma mistura de cavaleiro com cavalheiro, este eu sou

Que vivamos nestes tempos uma alegoria daquele passado
Que façamos do amor um amor epopeico daqueles tempos
Que amemos nossa história, nosso sentimento e um ao outro
Que as centelhas surjam em nossos beijos como quando as espadas brandiam


escrito em 12/02/2006

sábado, 17 de abril de 2010

JPassaro, um cineasta

Sou um cineasta sem nunca ter filmado, sem nunca ter estudado cinema, sem nunca ter escrito um roteiro. Mas quero rodar um filme que verse sobre heroísmo, angústia, lealdade e, claro, morte. Quero um filme que dure quase duas horas, por volta de uma hora e 45 minutos. Não mais que isto.

Não quero que seja em p&b, porque filmes assim costumam me cansar, me tirar a atenção. Talvez colocaria só algumas cenas em p&b - quem sabe as cenas sobre a lealdade? Porque ou é ou não é; ou preto ou branco.

Abusaria dos closes, principalmente do super close nas cenas de angústia: o olhar e a boca dos atores seria muito trabalhado. Mas na única cena de heroísmo (sim, única. Meu filme só terá uma cena de heroísmo. Ninguém precisa ser herói mais de uma vez) farei um plano geral da ação, com a câmera se movimentando horizontalmente.

O grand finale (e não será a morte seu assunto) será sutil. Uma tentativa de canalizar o sentimento do espectador para um questionamento: o que vale ser leal? Certamente, será a cena em p&b.

A morte entrará apenas como referência: pela discussão entre o protagonista (um teólogo, mas não religioso) e o antagonista (ainda não decidido) sobre o filme O Sétimo Selo - que tanto me fascina. Ambos estarão jogando xadrez, tal como no filme é representado pela a Morte e o Cavaleiro.

Bem... Até agora, do roteiro do meu filme, só temos algumas coisas:

1) tratará de heroísmo, angústia, lealdade e morte;
2) terá um protagonista no papel de um teólogo que não é religioso, apenas é estudioso das religiões;
3) fará referência ao filme O Sétimo Selo, de Igmar Bergman;
4) o fim será sutil, aberto ao questionamento de quanto vale ser leal.

É muito pouco para se saber de um roteiro. Preciso pensar mais, construir mais esta estória.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

A vida dá voltas

13/09/2000

Engraçado como a vida dá voltas... Experiências parecidas com as do passado ocorrem com tempos diferente e pensamentos também. Acho que isso ocorre para podemos repensar os momentos, criando bases mais fortes para o nosso crescimento. A vida realmente dá voltas...
Vou falar sobre mim, com modéstia, pois eu não tenho muito do que me orgulhar. Vou falar sobre minha vivência no colégio. Até a minha primeira oitava série eu não tinha noção de nada na vida. Era como se eu vivesse sozinho numa cúpula, não enxergava nada além da minha frente. Só isso. Não olhava para os lados, muito menos para trás. Era uma tremendo de um bobão, mongol, o que você quiser. Até permitia que me chamassem de Fonseca, porque não via sua maldade.

- Thiago, você já sabe, né? – disse minha mãe.
- O quê? – me fiz de desentendido.
- Você não passou de ano.
- ... - fiquei em silêncio.

Após alguns minutos me levantei e fui à varanda, olhei para baixo e pensei: “E se eu pulasse? Adiantaria alguma coisa?” Fiquei imaginando aquela possível queda no momento que eu sem saber subia um degrau na vida. Pensei: “Não vale a pena, algumas pessoas iriam sofrer demais, poderiam colocar a culpa nelas e isso seria injusto.”

- Mãe, vou descer para o play!

Bati a porta e toquei no meu vizinho: “Vamos descer! Ah! Repeti a 8ª série.” O cara me olhou desconfiado e perguntou: “Repetiu mesmo? Calma aí, espera dois minutos.” Descemos e nem mais tocamos no assunto. Nem lembro do que fizemos naquele dia, talvez jogamos bola. Isso foi numa sexta. Na segunda começaram as aulas. Que loucura, não?

Sempre aquela fila com o hino. Fui o último da fila, não conhecia ninguém, só um antigo amigo e uma garota que eu tinha ficado no ano anterior. Eles foram muito importantes. Me sentia sozinho pela primeira vez na vida, sem ninguém para seguir. Finalmente me inventei. Enfim era eu mesmo. Passaram a me chamar de "Estranho", algo que muitos ainda fazem até hoje. Tudo bem, admito que sou. Pessoas que eu achava que era amigo me ignoravam, triste saber desse jeito. Tinha de me largar das lembranças e buscar novas amizades, estas sim verdadeiras, que até hoje existem para até depois dos amanhãs existirem. Passei a andar olhando para todos os lados, num andar malandro, mais esperto.

Esse amadurecimento continuou pela Primeira Série de forma surpreendente para mim. Aqui fincaram as amizades e novas voltas que a vida deu. Quando se repete uma vez, o repetente acha que repetirá sempre. Não é que o primeiro ano foi o mais fácil desde a quarta série? Passei sem dificuldades e ali vi que nosso destino é o nosso percurso e não que nossos atos são nosso único caminho.

Cheguei a Segunda Série e foi um ano muito bom. Fui muito feliz, fiz coisas loucas, como por exemplo a de ficar careca. Putz!, isso sim foi louco. Ainda não sei o porque disto. Já me arrependi disso. Quando andava na chuva, caía água de todos os lados, era horrível! Ainda bem que cresceu novamente, só que demorou... só tenho uma foto de eu assim, às vezes a vejo para rir. Deixei os estudos de lado, pois me sentia bem demais. Quando chegou o boletim do 1o trimestre e as primeiras notas do 2o decide largar tudo. Eu queria repetir. Falava para meus amigos isso mesmo. Eles achavam que era brincadeira, mas não era. Tentaram me ajudar, mas eu lhes disse que se eu passasse, seria um 3o péssimo e assim o vestibular seria uma grande chacota para mim. Eles aceitaram, mas queriam que eu estivesse com eles. No fundo eu também queria. Já no fim do ano passei a simular o próximo ano, sentava sozinho lá atrás da sala. Então eu repeti. Me sentia aliviado, mas preocupado com a minha precária adaptação com novas pessoas. Me adapto facilmente as coisas ou situações, mas com pessoas...sou precário.

Entrei numa turma onde eu só sabia o nome de cinco pessoas, sem conhecê-las. E ainda me sentia velho demais para eles. Lembro de ter falado com o Sales, único que já conhecia, no 1o dia de aula o seguinte: “Eu tenho certeza que não irei me dar bem com ninguém daqui. Não terei nenhum amigo.” Que coisa...

Não foi uma, foram três garotas que fizeram a vida dar voltas de novo. Me encontrei perdidamente apaixonado pela garota mais nova da sala, que me transformou em algo que eu adoro. Não foi bem ela, foi o amor que sentia por ela. Fiz uma amizade muito difícil com outra menina, que penso que foi aquela que mais me amadureceu, por tudo o que conversávamos, enfretávamos. Também encontrei a melhor amiga que eu poderia ter, como eu a adoro, eu a amo. Ela apareceu no momento certo e isso já é tudo. Ela também me ajudou a me transformar, a ter amor próprio. Se não fosse ela eu não teria me dado respeito. Passei a andar tranqüilo, olhando todos os lados, sem o jeito malandro, dando paradas de cinco segundos para sentir a paz. É essencial.

Aqui começou um gesto que muitos pensam que é por causa da geração hippie, o “paz e amor”. É somente uma homenagem para o meu tão querido avô que faleceu a 9 de Fevereiro de 1999. Sinto saudades dele, das nossas apostas, dos seus palavrões e histórias engraçadas. “Avô, seu América está ressurgindo, já o meu Flamengo voltou a ganhar títulos, deixando de morrer na praia como você vivia falando. Desculpa se eu não chorei no seu enterro, mas toda a família estava, e a minha mãe se encarregou de tudo, precisando de alguém forte que não a desanimasse. Ela fez o que você pediu: saiu junto com você do hospital, com você com seus surrados sapatos. Obrigado avô, agora estou com lágrimas.”

Eu segurei as pontas lá em casa e aquele amor que eu sentia me deu muita força para superar tudo sozinho pela manhã e forte pelo restante do dia com o sofrimento da minha mãe e irmão, ainda mais com o fim do casamento. Não sofri porque sempre soube que isso iria acontecer.

O ano de 1999 foi o melhor e o pior ao mesmo tempo: perdi uma pessoa que eu amava e ganhei uma gama de princípios e amor próprio. E o melhor: ganhei duas amigas. Meus outros amigos também foram importantes e com certeza já os agradeci.

Esse breve histórico dos meus recentes anos mostra como a vida dá voltas no mesmo lugar, em tempos e sentidos diferentes. O amadurecimento ocorre momento a momento e não pára de ocorrer. Eu agradeço a Deus por ele ter me transformado num veterano de duas medalhas (repeti duas vezes), porque dessa forma eu pude me conhecer, viver, ter amigos, sentir emoções verdadeiras e a ter bom senso. Só me falta força de vontade. É isso que esse ano quer me ensinar, mas eu reluto, apesar de querer. A vida dá voltas nesse mundo pequeno.

(fim do que escrevi em 2000)

Curioso é ver que também na Uerj e também na UFRJ aconteceu o mesmo: a vida deu voltas em tempos e sentidos diferentes, nos mesmos locais...

quinta-feira, 25 de março de 2010

Do narcisismo tatuado ou da amizade?

Acredito que preocupar-se com a própria existência é algo que, cedo ou tarde, dar-se-á em todos. Este post será um tanto narcisístico, quase uma ode ao que eu sou. Espero que leiam ele todo, pois acredito mostrar que não é apenas para mim - ainda que seja muito para mim.

Há algo que sempre me motivou a ser o que sou: o carinho das pessoas. Sinto que sou uma construção coletiva, de diversas pessoas que passaram em minha vida. Citarei algumas, tais como minha mãe (com todo seu caráter idôneo, sua calma, sua sensibilidade), meu avô materno (com seu jeito desleixado e encantador), minha avó materna (com sua simplicidade, de gostar das coisas simples da vida, de procurar ajudar o próximo, da gentileza), meu pai e sua família paterna (mais como um não-aceitamento de seus defeitos, tais como arrogância), minha tia materna (com seu jeito maluquinho e encantador, com um Q de misticismo).

Além da família, com nossos amigos vamos nos construindo, em uma intensa troca, desde a infância, passando pela a juventude. Tive amigos que mostraram-me que as dificuldades são parte mais importante da vida; mas tive amigos que mostraram-me que divertir-se era algo ainda mais importante na vida. Tive amigos que juraram lealdade e assim são até hoje; mas tive aqueles que, pelas costas, cometeram traições injustificáveis. Tive amigas que tornaram-se namoradas; bem como tive namoradas que voltaram a tornar-se amigas. Tive amigos que me compreenderam e os que não me compreenderam; uns passaram a mão na minha cabeça quando errei; outros criticaram-me fortemente por ter errado. Tive amigos que acreditei serem 100% e para sempre, mas que não os foram... E dói. Até hoje - mas ainda não me dei por vencido.

De tudo isto dito, o que queria mais comentar é que sou, um tanto, carente de manifestações de afeto: gosto de ser paparicado - não é à toa que tanto paparico meus amigos. Vocês, meus amigos, têm sido os arquitetos disto que sou. Disto que gostam, afinal, todos tentamos fazer coisas que gostamos.

Por vezes, gostaria de tatuar em meu corpo algumas palavras, frases que meus amigos expressam sobre mim. Imagine vocês encontrarem tatuado no lado interno do meu antebraço direito a frase "Você é o melhor amigo que uma pessoa pode ter", seguida de "Você é o amigo perfeito para mim, você tem consideração e se importa com as pessoas", porque são da mesma pessoa. Na batata da perna (porque ali esteve escrito no gesso que certa vez coloquei) estaria tatuado "Você é o melhor presente que eu já recebi". No peito, estaria tatuada a frase "Amo você e amo ser sua amiga. Você é uma das pessoas mais doces do mundo e eu não conseguiria mais ir para a UERJ e não ver o seu sorriso sempre amigo e os seus braços estendidos para me abraçar". Ainda no peito, mas em outro lado, estaria tatuado "Nos entendemos mesmo no silêncio, mesmo na distância". Nas costas, mais uma tatuagem "Saiba que quando penso no mundo e acho que não existem amizades que nem essas mostradas na tv, cinema e seriados (que eu até invejo), penso na nossa e percebo que estou errada". Também teria tatuado "O QUÊ é você?? Quem fez você?? Que isso, nunca conheci ninguém tão encantador em toda a minha vida..."

Creio que basta... Esta última já diz tudo: vocês me fizeram, vocês me fazem. E agora, já tenho vontade de tatuar mais! Precisaria encontrar novos lugares do corpo para tatuar belos carinhos que surgiram por aqui:

"Você não é apenas prosa. É também a melhor tradução da poesia, com seu jeito doce, amigo, compreensivo, meigo, cativante...";
"Você é um doce, um cara fora de sua época. Mas não da época atrás, dessa que vem, que ninguem sabe.";
"Existem rios de águas claras como você, que transparecem seu lado mais íntimo sem temer qualquer julgamento, que se doa ao que está ao lado, sem pedir nada em troca."

Onde as tatuar? No peito, nas costas, no braço, na perna... Em suma, todas as manifestações de afeto - estes paparicos que tanto amo e me deixa nas nuvens, ficam gravados na minha alma.

JPassaro não quis fazer deste texto um narcisismo desenfreado. De mostrar o quanto ele é/foi querido. Mas, sim, meus amigos, que gostaria de vê-los, de tocá-los TODOS os dias. Vocês são meus arquitetos, são meu combustível, são meu sangue. Sem vocês, o que sou?

sábado, 6 de março de 2010

JPassaro desabafando

Poesia e prosa

Existe um certo cansaço de viver, viver, imaginar o novo viver e nada mudar
É pedir muito?
É pedir muito poder pedir?
O que sei é que estou de saco cheio
Vida que não muda
Vida que tá parada
Vida que é boa
Mas vida que não se torna melhor do que boa
Chega?
Não chega, não.
Chega mais que eu poderia te contar como poderia ser tudo
Mas parece que tenho que ficar na minha
Venha para mim
Do mesmo jeito que eu me imagino correndo para você
Porque não vou correr enquanto as coisas não mudarem

Não vai haver rimas e nada do que a poesia pode ter de melhor
Isso aqui não é para ser arte
Isso aqui é para ser qualquer coisa menos arte
Até porque eu não sei fazer esta Arte
Que seja um desabafo

Não sei fazer esta Arte...
Uma arte sei fazer
Duas, na verdade.
Até porque uma está dentro da outra
Vejam, por favor, que sei fazer duas artes
Não só esta que todos gostam em mim

Sim, quero mesmo ficar vendo hoje um rio
Ele nunca pára
Ele nunca muda
Ele está sempre igual
Hipoteticamente, é claro.

Ficar vendo algo assim me traria calma
Quero acreditar que não sou um rio
Quero parar com algo
Quero mudar
Quero não pensar mais hipoteticamente

Já passou pela a minha cabeça a idéia de fazer deste texto aqui uma prosa e não uma poesia. Mas a poesia tem a vantagem da leitura mais rápida, mais concisa.
A prosa, não. A prosa vai nos prendendo frase, após frase. Chego a imaginar que sou uma poesia ambulante. Fico a perambular por aí, não porque quero, mas porque é esta a arte que a maioria das pessoas deve ver em mim apenas.
Chega de fazer desta poesia uma prosa
Porque sou uma poesia?
Não sou uma prosa?
Me corrijam se eu estiver enganado
Façam este favor
Provem-me que sou uma prosa
Eu sou uma prosa.
Não sou uma poesia.

Agora, estou escutando uma música de hip-hop
Warren G feat. KRS One & Lil Ai - Let´s Go (It´s A Movement)
Alguém já fez um verso com um nome de música?
Pois está feito!
Na verdade, lá na primeira estrofe eu fiz algo parecido
O verso “Venha para mim” é baseado na música Run to Me do Beegees.
Por essas e outras que não sou poesia
Não sou um conjunto de versos
Sou um conjunto de palavras que quer ceder
Que tem sede por tuas palavras
Um conjunto de palavras à procura do teu conjunto de palavras

Quero, sim, parar de escrever essa poesia
Mas sinto que tenho algo a falar ainda
E não vou parar de escrever enquanto não achar que falei
Já sei!
Tuas letras maiúsculas são minha declaração
Não, não enlouqueci
Mas qual seria o problema de enlouquecer?
E se eu enlouquecer e tiver noção disto?
Sendo louco e sabendo disto, posso viver como um personagem
Um personagem lúcido
Por que não?

Mas... se sou uma prosa, como você não pode ser uma prosa?
Deixa eu te mostrar qual é o teu significado, prosa
Já te mostrei diversas vezes o meu significado
Vou te mostrar o teu significado, prosa, mas você terá que ser perspicaz
Bem, agora que estou transformando minha poesia novamente em prosa, uma prosa que vai te mostrar qual é o teu significado, tenho que te dizer uma coisa, mesmo que depois de tantas vírgulas venha um ponto, mas não um ponto final, no nosso caso, é onde deve começar o ponto inicial. E, sim, estou certo do que sinto. Mesmo. Todas as vezes que conversamos fico feliz. E também quando penso em você. Vendo, então... puxa! Ih, agora?
Está aí o significado da tua prosa
Posso terminar de escrever esta poesia
Já falei o que eu tinha a falar
Eu sempre vou entender o que eu escrevi.
Talvez você entenda também, é só lembrar de como lembro de ti.
Mas acho que você nunca vai compreender o que eu quis te significar.
Te mostrar que é para mim a quem você deve dar bola
Te mostrar que o que te escrevo é sério, que não é da boca para fora.
Por isso, te mostro o caminho para que você compreenda o quanto antes.
Para que me mostre que eu estou errado.


JPassaro, desabafo do 2º semestre de 2005.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Pois cá estamos, mas para lá iremos?

Hoje li algo que me fez parar e pensar: "depois da nossa morte haverá o que houve antes do nosso nascimento".

Foi um pensamento de Georg Lichetenberg, um filósofo do qual não conheço quase nada, além dos resultados de busca do google. Tenho um interesse pelo o tema da morte. Meu interesse sempre esteve atrelado aos estudos das ciências sociais sobre a atitude do homem perante a morte. Só que, ao ler esta frase, fui tomado por um entusiasmo inexplicável.

Esta passagem está escrita no contexto da discussão "morte-renascimento", que Edgar Morin conduz no seu brilhante livro "O homem e a morte". Trata-se, então, de um pensamento de Lichetenberg que vem a corroborar a discussão que Morin vem apresentando.

Não vim aqui no intuito de abrir uma discussão. Vim aqui para registrar que fui tomado por um entusiasmo diferente, que nunca havia sido tomado antes. Não penso ser algo sobrenatural, digo-lhes logo (certifico-me de apontar que não sou daqueles 100% racionais e 0% míticos/mágicos). Mas... Que é isso?
Também não desejo incutir discussões religiosas - algo bastante frequente quando passamos a falar de morte, quiçá vida.

Contudo, outro trecho do livro me fez atrelar esse entusiasmo estranho: "em todos os homens, o primitivo é ultrapassado, mas conservado". Quem escreve isto é o próprio Morin, ainda acerca sobre morte-renascimento.

Que quero dizer? Que há algo da espécie humana que, apesar da evolução e transformação do modo de vida, permanece em nós: algo que não está mais à nossa vista - isto é, principalmente à nós tão "ocidentalizados".

Aquele entusiasmo me pareceu uma agulhada. Como se algo, há muito escondido, tivesse quase se mostrado.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

JPassaro conhece Saviel. Aqui fala um pouco dele.

Será que um dia, somente um dia, algo de pequeno poderá acontecer nesse meu mundo tão grande e que seja capaz de tornar-me um cara mais normal? Ou que eu deixe de ser um panaca? Mas, como disse Saviel, “esqueça a morte; lembre-se da nossa única e real esperança viva: a vida”. Isso aí, que se dane a morte! E dane-se a morte danada! Eu não ligo para ela, ligo para mim. E não é tão mal assim, destaco suavemente que não!, que não sou mau, tampouco mal, mas sim bom, e, ademais, especial. Sim! O ouro da descoberta: sou especial. Depois de eu ter soltado da garrafa a morte, esfreguei-a diante de meu próprio reflexo, num espelho quebrado, embaixo duma escada. Morte, oh! Morte desvairada. Oh morte tristonha... Saviel mostrou-me o caminho, a escolha foi minha, sem sentença, apenas com o augúrio dos deuses, os deuses soberanos de nossos sentimentos, cada um deles: O Amor, A Amizade, A Esperança, A Raiva... Cada um se mostra incapaz de ordenar-me sozinho. Porém a união deles pode gerar a minha desunião, a minha avalanche de sentimentos inesperados e sem razão. Não os uno por isso. Por isso sinto-me especial. Por ser especial, minha caneca nunca pode ficar vazia, sempre há algo nela de gostoso, nunca há berros que silenciam o túmulo da minha paz. No que você está pensando? Difícil imaginar qualquer coisa agora, não é? Esqueça tudo. Mas não esqueça o que te prova. O que te subestima, te deixa reflexiva; o que te superestima, te deixa a morder os lábios; mas a única verdade, é a verdade de quem te aplaude, o aplauso de quem te vê, a pessoa que te admira, a admiração que te é merecida, o merecimento que é apenas teu.
Por fim, digo que, de todas as possibilidades, fico com todas.


J. Pássaro, em discurso para quem quer que seja.